É interessante perceber que o perdão como um processo de reparação ou conserto de algo que foi fraturado, quebrado ou machucado, está muito mais conectado ao dia a dia do que eu imaginava. Revejo com atenção o que sei e realizo que na tradição judaica há um conceito espiritual muito especial que é o Tikun Olam, o qual significa reparar e aperfeiçoar o mundo, através de cada tikun criamos um significado a partir do caos…
Entretanto, viver de maneira consciente de modo a estar no mundo praticando ações pequenas ou grandes que produzam energia positiva, é um desafio permanente! E, este desafio pessoal, se inicia quando percebo a necessidade de realizar um Tikun Olam no meu mundo interior, para refazer e reconectar os fios que constituem o tecido da minha alma, um processo delicado e mais lento do que eu gostaria…
Neste desafio, o mais difícil e o mais importante, é perceber que de forma sutil o Tikun Olan está diretamente conectado à RESPONSABILIDADE. No dia a dia é muito mais fácil apontar o dedo para o outro e transferir a responsabilidade do que me acontece, principalmente quando é algo ruim. Pois afinal, esquecer que o mundo reflete aquilo que sou, me permite esquecer a minha responsabilidade, seja consciente ou inconsciente, em tudo que me acontece. O ato de apontar o outro é um hábito que a sociedade reforça e que me exime da minha responsabilidade para com o que a vida tem a me ensinar, a AUTORESPONSABILIDADE, a qual não é apenas para comigo, mas para com o mundo ao meu redor.
Compreendo que realizer um Tikun Olam no meu mundo interno é trazer a justiça através da autoresponsabilidade, é praticar a compaixão comigo mesma aceitando que erro e posso corrigir estes erros e é saber que neste processo trago a paz para minha alma.
O Tikun Olam é um processo através do qual eu posso transformar a mim e ao mundo ao meu redor. E, para isto, devo estar consciente de que este é um processo permanente e que o mundo reflete aquilo que sou, posso me relacionar com o mundo criando uma ação positiva constante, a qual contribuirá para a construção da paz, através da reparação proporcionada pela autoresponsabilidade e a aceitação do outro que a compaixão traz.